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    Israel e a política da amizade e boa-vizinhança

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    Israel e a política da amizade e boa-vizinhança Empty Israel e a política da amizade e boa-vizinhança

    Mensagem  PLivre Sex Mar 13, 2009 3:39 pm

    Israel e a política da amizade e boa-vizinhança

    "O status de Israel, como nação inimiga dos árabes, é resultado de 60 anos ou de aliança ou de inimizade com governos árabes, não com os povos árabes. Até aqui, sempre que ameaçou a estabilidade de governos árabes, Israel foi desprezada pelos árabes como inimiga; quando não o fez, foi tratada como nação amiga."

    Por Joseph Massad, para o The Electronic Intifada


    Foi o caso, na posição ambivalente de Israel em relação ao regime jordaniano do qual foi aliada desde os anos 1920 enquanto, ao mesmo tempo, trabalhava para minar o regime jordaniano, quando a Jordânia alterou algumas de suas estratégias. Isso, por sua vez, explica por que o governo jordaniano foi historicamente ambivalente em relação a Israel, sem jamais deixar claro se a via como aliada ou como inimiga.


    Em 1967, havia israelenses que operavam para derrubar o rei Hussein; e em 1970 Israel trabalhava para aumentar a assistência militar, para apoiar o mesmo rei no mesmo trono. Embora o rei Hussein estivesse convencido de que Israel operava políticas ambivalentes, decidiu-se, no início dos anos 90s a favor de uma aliança; mas muitos jordanianos nacionalistas e também os chauvinistas não concordaram. Nesse contexto, muitos nacionalistas jordanianos anti-palestinos opuseram-se ao acordo de paz que a Jordânia assinou com Israel em 1994, chamando atenção para a ambivalência de Israel em relação à Jordânia.


    Esses nacionalistas jordanianos observaram, com realismo, que Israel sacrificaria o regime em troca de estabelecer um Estado palestino na Jordânia, depois de Israel conseguir expulsar todos os palestinos da Cisjordânia para a Jordânia – projeto que Ariel Sharon sempre propusera desde os anos 70 e que era apoiado por líderes-chave do partido Labor. De fato, Sharon queria que Israel apoiasse a OLP (Organização de Libertação da Palestina) em 1970, contra o rei Hussein.


    A indecisão que se observou recentemente, no governo da Jordânia, sobre a melhor resposta à indiscutível carnificina que Israel fizera em Gaza é resultado de o regime jordaniano não ver claramente qual a estratégia de Israel, hoje.


    No início da carnificina, Muhammad al-Dhahabi, chefe da inteligência jordaniana, que há alguns meses reiniciara contatos com o Hamás, foi demitido. Simultamentamente, o governo da Jordânia liberou a realização de manifestações públicas imensas em todo o país, com pouca, embora ostensiva, repressão policial. Mas as pressões de EUA e Egito sobre a Jordânia claramente levaram a melhor, sobretudo na insistência para que a Jordânia reenviasse seu embaixador para Telavive, de onde o havia retirado, dias antes, em sinal de protesto.


    Tudo isso sugere fortemente que o governo da Jordânia tem prioridades e preocupações diferentes das de seus aliados Egito e sauditas, mas espera e prefere manter Israel como amiga, em vez de vê-la convertida em inimiga.


    O Egito, que considera Israel sua mais importante aliada na Região, depois dos EUA, crê, acertadamente, que Israel não o desamparará, dado que desde meados dos anos 70 Israel nunca se opôs, como inimiga, ao Egito.


    Longe vão os dias em que Israel tentou destruir o regime nacionalista árabe de Gamal Abdel Nasser; e desde as aberturas capitulacionistas de seu sucessor, Anwar Sadat, Israel tem apoiado o regime egípcio o qual, por sua vez, também apoia Israel, muitas vezes – como muitos observaram recentemente – com prejuízo para o próprio governo egípcio.


    Desde os anos Reagan, Israel também se tornou amiga do regime saudita e, depois, das demais monarquias do Golfo, para não mencionar uma longa amizade com os reis marroquinos. O regime tunisiano de Habib Bourguiba também se tem recusado a considerar Israel inimiga desde os anos 60; e o mesmo se diga das forças cristãs fascistas no Líbano, que veem Israel como amiga e aliada.


    Mais importante, nesse contexto, é que a Autoridade Palestina (AP) sob Iasser Arafat e Mahmud Abbas já não consideravam nem consideram Israel como inimiga, exceto durante uns poucos meses sob Arafat, antes de ele morrer, e quando Arafat deu-se conta de que Israel decidira livrar-se dele. Não fosse assim, nem Arafat nem Abbas, cujo mandato como presidente da Autoridade Palestina expirou dia 9/1, não teriam aceito, como Abbas, até hoje, tantos beijos e abraços dos líderes políticos e criminosos de guerra israelenses.


    São ecos dos anos 1950, quando o Irã do Xá, a Turquia e a Etiópia de Haile Selassie eram aliados-chave de Israel e dos EUA, e os dois primeiros aliaram-se aos regimes Haxemitas no Iraque e na Jordânia. O consenso entre os regimes árabes era que a aliança entre Turquia, Irã, Etiópia e Israel seria uma aliança anti-árabe e pró-imperialista. O fato de que, hoje, as lideranças políticas iranianas e turcas sejam as únicas forças na Região que insistem em falar de soberania regional e local contra invasões e ocupações imperiais inverteu aquela tendência.


    Hoje os regimes árabes têm interesses imperiais e querem impor sua soberania colonial na Palestina, no Iraque e no Irã; e Irã e Turquia são a frente de resistência. A evidência de que forças populares nos países árabes e no Irã e na Turquia continuam a opor-se apaixonadamente ao imperialismo dos EUA põe vários regimes árabes na posição de ser as principais forças pró-imperiais na Região.


    É nesse contexto que o chauvinismo saudita-egípcio-jordaniano e até o chauvinismo anti-iraniano e anti-xiita patrocinado pela Autoridade Palestina (estimulado em benefício de Israel e dos EUA) fracassaram na tarefa de deslocar as massas árabes de sua posição anti-imperialista e anti-colonialista.


    A entrada em campo da Turquia, que apoia ideias de soberania local e regional, complicou a semeadura de ódio e preconceito dos regimes árabes aliados dos EUA, por conta do sunismo turco, ou, pelo menos, do não-xiismo turco. Como resultado, o único regime que Israel continua a ameaçar abertamente é a Síria, apesar de manter negociações secretas com a Síria. Mas oficialmente Israel e Síria são inimigas.


    O mais ameaçador inimigo para qualquer regime árabe hoje é qualquer oposição local que vise à mudança de regime e ofereça aos EUA os mesmos serviços, em quantidade e qualidade, que o atual regime já ofereça. Por isso a Irmandade Islâmica é considerada a maior ameaça ao regime egípcio.


    O regime não se preocuparia se a Irmandade Islâmica fosse anti-imperialista e se recusasse a oferecer serviços aos EUA. O regime, de fato, teria adorado que fossem ainda mais radicais, porque isso provaria aos EUA que o regime atual é o único que pode prestar serviços obedientes servis ao grande chefe imperial branco, ou, no caso de Obama, meio-branco.


    O perigo que a Irmandade Islâmica representa para os aliados do atual governo egípcio está, exatamente, em que a Irmandade Islâmica deseja servir os EUA. Nessas circunstâncias, nada impede que os EUA abandonem a aliança atual e passem a apoiar a Irmandade, o que acontecerá – se o atual governo egípcio der sinais de instabilidade.


    Daqui deriva a oposição ao Hamás, que o governo egípcio fez e continua a fazer, e o motivo pelo qual aliados do Egito, incluindo liberais e esquerdistas apoiam o Egito na oposição ao Hamás – que vêem como uma extensão da Irmandade Islâmica.


    O problema aqui é que, em conjunção com o Hezbolá no Líbano, o Hamás – diferente, nisso, da Irmandade Islâmica – é o maior opositor ao colonialismo israelense e ao imperialismo dos EUA na Região.


    No contexto palestino, a AP sob Arafat e Abbas aliou-se a Israel; o Hamás jamais fez qualquer aliança. De fato, a luta entre o Hamás e a AP não é disputa entre grupos que queiram oferecer serviços aos EUA; a disputa é sobre atender os interesses do povo palestino ou não.


    Diferente disso, as relações entre a AP e o Egito, ou entre a AP e a Jordânia tornaram-se tensas algumas vezes, precisamente porque a AP tem assumido algumas das funções dos outros dois no que tenha a ver com cuidar dos interesses dos EUA; por isso a Autoridade Palestina entende que mereça uma fatia do bolo.


    Intelectuais palestinos que vivem na Cisjordânia, e intelectuais liberais em todo o mundo árabe, têm-se dedicado a demonizar o Hamás nos últimos vários anos, como se o Hamás fosse o poder das trevas na Região.


    Esses intelectuais (entre os quais predominam cristãos liberais seculares, muitas vezes citados nos círculos intelectuais em Ramala como "o Partido da Democracia Cristã") horrorizam-se e temem que, se o Hamás chegar ao poder, proibirá bebidas alcoólicas.


    Supondo que o Hamás implante essa proibição a toda a população, ao governar uma Palestina livre em futuro ainda não datado, esses intelectuais parecem preferir colaborar com ditaduras que lhes assegurem o uísque de cada dia, a resistir, em nome da democracia, sem ele.


    Isso não implica dizer que o Hamás fará, necessariamente, governo democrático; mas se foi democraticamente eleito, como foi, é indispensável que o Hamás tenha oportunidade e espaço para manifestar seu compromisso democrático que, até agora, ainda é promessa.


    Uma oportunidade que esses intelectuais estão dispostos a dar ao Fatá – mesmo depois de o Fatá já se ter imposto como ditadura.


    Verdade é que parte importante da repressão que aconteceu na Cisjordânia, durante a carnificina em Gaza foi legitimada pelos esforços desses intelectuais, exatamente como, antes, legitimaram o "processo de paz" iniciado pelos Acordos de Oslo, durante os quais Israel prosseguiu a colonização massiva de território palestino, enquanto a Autoridade Palestina reprimia toda e qualquer resistência.


    A cena na Cisjordânia, exceto em Hebron, foi, de fato, um escândalo. Capitais árabes, como Amã e Beirute, para não falar em cidades e vilas palestinas dentro de Israel, viram demonstrações massivas em que havia pelo menos cem vezes mais manifestantes que os duzentos que tentaram reunir-se em Ramala, mas foram reprimidos e espancados pela "Autoridade Palestina Colaboracionista (APC)".


    Na Cisjordânia, os palestinos ficaram em casa, assistindo à al-Jazira, em vez de sair às ruas em solidariedade a Gaza e recusaram-se a desafiar os agentes da "Autoridade Palestina Colaboracionista" de Israel encarregados da repressão.


    Por mais que a repressão feita pela "Autoridade Palestina Colaboracionista" e pelo exército de Israel seja fator a considerar, a reação na Cisjordânia também é resultado da guerra psicológica de demonização do Hamás, à qual a "Autoridade Palestina Colaboracionista" e seus quadros de intelectuais alugados submetem a população há anos.


    Além disso, 250 mil habitantes da Cisjordânia trabalham no aparelho burocrático e de segurança da "Autoridade Palestina Colaboracionista" e recebem salários que sustentam outros 750 mil habitantes da Cisjordânia – o que os torna completamente dependentes da "Autoridade Palestina Colaboracionista" e dependentes de que continue a haver governo da "Autoridade Palestina Colaboracionista", porque, assim, conseguem comer e morar e manter a família.
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    Israel e a política da amizade e boa-vizinhança Empty Re: Israel e a política da amizade e boa-vizinhança

    Mensagem  PLivre Sex Mar 13, 2009 3:40 pm

    Continuação:

    Esses fatores estruturais e materiais são fundamentais para avaliar a atitude dos habitantes da Cisjordânia, durante a chacina de Gaza. De fato, a participação cenográfica de políticos do Fatá nas manifestações em Ramala (durante as quais policiais-mulheres da "Autoridade Palestina Colaboracionista" espancaram mulheres que se manifestavam a favor do Hamás) incluiu a sugestão de que a passeata fosse até a embaixada do Egito, em Ramala, para apoiar as políticas egípcias para Gaza e contra o Hamás.


    A história dos intelectuais liberais da Cisjordânia chegou a isso: depois de terem ajudado a entregar sem resistir os direitos dos palestinos à plena cidadania em Israel (quando aceitaram que Israel fosse reconhecida como Estado judeu racista), e depois de entregar sem resistir os direitos da diáspora e dos refugiados de voltarem à Palestina, agora entregaram sem resistir o direito de os palestinos em Gaza terem comida e eletricidade; e tudo isso, para que a Cisjordânia seja governada por uma autoridade colaboracionista que garante àqueles intelectuais pleno acesso a um Johnny Walker Black Label (é o uisque que preferem, embora, recentemente, alguns deles tenham mudado para Chivas).


    Nesse contexto, como Israel poderia ser alguma coisa senão amiga e aliada que assegura que o Hamás jamais proibirá o uísque?


    Enquanto isso, as eleições que se aproximam, em Israel, são aguardadas com muita trepidação. As estratégias da Autoridade Palestina Colaboracionista variarão, é claro, conforme quem seja eleito(a).


    Se Netanyahu vencer, Abbas pode tentar soar mais nacionalista, em oposição aos discursos de Israel, na esperança de que o governo Obama o apoie contra a extrema direita israelense.


    A "Autoridade Palestina Colaboracionista" espera que Obama pressione Netanyahu para convencê-lo que que nada poderá fazer, caso vença o partido Labor, de Ehud Barak. Se Barak vencer, então a "Autoridade Palestina Colaboracionista" ficará felicíssima e poderá voltar aos negócios, como sempre.


    Como amigo íntimo dos corruptos Clintons, Barak continuará a ter amigos no Salão Oval, onde Hillary Clinton garantirá que nada saia de lá para pressioná-lo. No que tenha a ver com o povo palestino, nada muda, vença quem vencer na política de Israel, seja um criminoso de guerra da direita ou um criminoso de guerra da esquerda.


    Quanto a quem ainda tivesse esperança no povo de Israel, o apoio que o povo de Israel deu à carnificina em Gaza fala por ele mesmo. Se alemães passaram o dia na praia enquanto os nazistas invadiam a Polônia em 1939, e os norte-americanos festejaram pelos bares e em casa o show de luzes no céu quando o exército dos EUA chacinou centenas de milhares de iraquianos em 1991 e em 2003, os judeus israelenses requisitaram cadeiras de primeira fila para assistir à chacina ao vivo, estourando rolhas de garrafas de champagne e brindando ao assassinato e à mutilação de milhares de civis, mais da metade dos quais mulheres e crianças.


    O governo Obama, como os israelenses e os governos árabes, só pensam em jogar um único jogo, nada original, de fato, um jogo que se repete. Ignoram e deslegitimam o Hamás como já deslegitimaram a OLP quando representava os interesses dos palestinos nos anos 60s e 70s e em parte dos anos 80s.


    Naquele tempo, os israelenses confiavam no regime jordaniano, com os americanos, que falavam pelos palestinos da Cisjordânia, até que a OLP passou a servir aos interesses israelenses e norte-americanos e passou a ver Israel e EUA como amigos, não como inimigos. Embora essa estratégia tenha funcionado soberbamente para pôr fim à inimizade entre vários regimes árabes e Israel, ela falhou miseravelmente no objetivo de convencer as populações árabes de que Israel não seria sua inimiga.


    O recente feito militar de Israel (contra civis palestinos desarmados) e a derrota política frente ao Hamás (Israel não conseguiu atingir nenhum dos objetivos declarados da chacina de Gaza) dificilmente conseguiram reconciliar os regimes árabes aliados de Israel e suas respectivas populações árabes ou os poderes muçulmanos regionais que não eram antes e continuam a não ser completamente subservientes aos EUA.


    As colônias de israelenses tornaram-se aliadas-dependentes de ditadores e regimes opressores em toda a Região. Ao mesmo tempo em que construíram inimigos e inimizades com a massa que habita os territórios nos quais Israel escolheu implantar-se para viver. [Não pode dar certo.]



    Joseph Massad é Professor Associado de Política Árabe Moderna e História Intelectual na Columbia University em NY. É autor de The Persistence of the Palestinian Question (Routledge, 2006). Artigo publicado em http://electronicintifada.net/v2/article10268.shtml. Traduzido por Caia Fittipaldi.

    Da redação

    LINK: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=50491

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